sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Fausto Doente

Fausto Doente é uma história que faz parte do livro infantil “Vice-versa ao Contrário” (1993) e foi feita pelo escritor e diretor da Folha, Otavio Frias Filho.



História:

- Fausto!
(Fausto acaba de ir pra cama.)
- Fausto!
(Ele acaba de ir pra cama mas ainda está acordado.)
- Fausto!
- Quem é que está aí?
(Fausto se levanta e acende a luz. Não vê ninguém.)
- Sou eu.
- Eu quem?
- O vírus do sarampo.
(Vírus é um bicho tão pequeno que a gente nem vê: uma poeira
de bicho. Quando a gente respira ele entra no corpo voando junto
com o ar. Se a pessoa estiver fraca, como o Fausto está, resultado:
gripe, catapora, sarampo... é justamente o vírus do sarampo quem
está no quarto do Fausto.)
(Fausto pergunta assim pro vírus:)
- Que é que você quer?
- Eu estava lá fora, passando pela janela, e resolvi entrar. Está
fazendo frio e aqui dentro é tão quentinho! Vou ficar aqui esta noite.
- Mas onde é que você está? Eu não vejo nada!
(Fausto olha tudo e não vê nada. O vírus explica pra ele:)
- Eu estou ao lado da cama, meu bem. Em cima do seu tênis.
Não adianta olhar porque você não vai me ver. Sou tão pequeno
que nem um a formiga me vê.
- Entendi.
- Fausto, você quer fazer um negócio comigo? Você me deixa
passar esta noite dentro do seu corpo. Amanhã você acorda com um
sarampo daqueles. Sabe o que acontece? Uma semana sem ir pra
escola. Já imaginou que delícia?
(Fausto topa. Ele acha a escola uma coisa muito chata, uma perda
de tempo.)
- Topo!
- Excelente. Estou vendo que vamos nos entender muito bem.
- Como é que você se chama?
- Pode me chamar de Mefi.
(Dia seguinte. Fausto acorda com a maior febre. O médico chega,
olha, examina e diz:)
- Sarampo puro. E dos bravos! O nosso Fausto vai ficar pelo
menos uma semana em casa. Nada de sair da cama. Televisão? Não
pode. Jogar futebol nem se fala.
(Nem ler gibi o fausto pode. olhar a semana dele: febre, dor de
cabeça, termômetro, remédio, muito calor - um sofrimento. O tempo
todo deitado, olhando pro teto.)
(Um dia Fausto acorda e sente que ficou bom. Ele não aguentava
mais olhar pro teto! Até que enfim pode voltar pra escola - que
vontade! - e voltou.)
(O tempo vai passando. Fausto não ficou doente nunca mais. Só
que uma noite, quando já está no quarto pronto pra dormir, ele ouve
uma voz chamando o seu nome:)
- Fausto, está fazendo tanto frio lá fora!
(O vírus do sarampo de novo.Fausto nem acende a luz desta
vez e fala assim pro vírus:)
- Pode entrar. Sarampo não pega duas vezes mesmo.

Otavio Frias Filho.